Metodologia
A Afaso faz uso, nas diferentes oficinas e atividades realizadas, de ferramentas lúdicas que auxiliam a compreensão e vivência cotidiana da Regra de Ouro, isto é: “Faça ao outro o que gostaria que o outro fizesse a ti”. A partir desta premissa, estabelece-se a base da convivência familiar e coletiva dos envolvidos: profissionais, crianças, adolescentes e suas famílias.
As principais ferramentas são: o Arco-íris, o Dado da Paz e o Círculo da Paz.
Arco-íris
Organizado em sete cores, cada cor possui um significado o qual representa os sete aspectos da vida humana, conforme os escritos de Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares. As portas das salas de atividades, da secretaria e de atendimento da Afaso, foram pintadas conforme as cores do arco-íris, a fim de auxiliar as crianças e adolescentes na compreensão e vivência de cada cor.
Composto por seis faces, sendo que cada face traz à luz uma forma de crescimento com o apoio do outro. Também conhecido como a Arte de Amar. O significado de cada face do Dado da Paz:
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1º Ser o primeiro a amar: exige o exercício e a capacidade de ir além das nossas ideias e de nossas impressões superficiais, coragem de romper com o individualismo e se abrir ao outro.
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2º Amar a todos: é desenvolver a capacidade de amar a todos, indistintamente, com o coração e livre, independentemente da raça, condição social, sexo, credo ou nível de escolaridade.
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3º Amar o outro: é o exercício de conhecer o outro e, para isso, é necessário desenvolver a escuta e a paciência para que o outro possa se revelar seus desejos, aspirações, bem como suas tristezas ou necessidades
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4º Escutar o outro: quando se ama, desperta no outro o desejo de também retribuir este amor. Toda ação causa uma reação, positiva ou negativa, assim, quando se ama o outro, abre a possibilidade de que este passe também a amar.
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5º Perdoar uns aos outros é o exercício de ver em cada pessoa um ser semelhante e, portanto, digno de respeito, amor, direitos, sem exclusão ou exploração.
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6º Amar uns aos outros: significa amar o diferente, apesar de ser, pensar ou agir de forma diferente do que se pensa.
As crianças e adolescentes são estimulados a resolver os impasses ou conflitos por meio desta ferramenta. Antes disso, nas oficinas programadas, as seis faces serão trabalhadas, de forma a estabelecer a compreensão e a importância de cada uma delas. Além disso, está exposto um banner no corredor da entidade, que contempla os seis passos da Arte de Amar, com vistas a estimular a vivência de cada face. (incluir a figura do Dado da Paz)
Círculos da Paz
O Círculo é uma proposta metodológica trazida por Kay Pranis, professora norteamericana que aprofundou as práticas restaurativas inspiradas nos povos indígenas norteamericamos e canadenses. Trata-se de uma ferramenta que possibilita a construção de relacionamentos respeitosos e o respeito às diferenças. Neste espaço reflexivo é trabalhado e vivenciado o significado de responsabilidade, de autocontrole, de liderança compartilhada, de igualdade, de empatia e de educação emocional.
Os Círculos podem ser conceituados como: “... um processo de diálogo que trabalha intencionalmente na criação de um espaço seguro para discutir problemas muito difíceis ou dolorosos, a fim de melhorar os relacionamentos e resolver diferenças” (Kay Pranis, 2001, p.9).
O processo circular se semelha a uma terapia de grupo, porém apresenta metodologia e características específicas. Entre as quais:
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Conta com o objeto da palavra que regulamenta o diálogo e autoriza o participante a falar. Os demais que não possuem o objeto têm o poder da escuta;
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Discussão explicita de valores antes de discutir os problemas;
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As diretrizes são criadas pelo grupo, as quais são relembradas em cada encontro, sendo algumas: sigilo, respeito com cada participante, construção coletiva das soluções;
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No início e final de cada encontro é apresentado um tema gerador, para facilitar a reflexão;
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O espaço é organizado previamente, sendo que as cadeiras são colocadas em formato de círculo;
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Conta com a presença de dois facilitadores por Círculo, para garantir a coesão e manejo dos grupos, os quais também serão participantes do processo reflexivo, expondo suas fragilidades e conquistas.
Em suma, nos Círculos são trabalhados os sentimentos, dores e aflições dos participantes, de forma continuada, centrada e coordenada, possibilitando que cada indivíduo consiga se perceber enquanto agente de sua formação e construção, reconheça suas fragilidades e potencialidades e adquira ferramentas para lidar com seus problemas.